Durante participação do jornalista e crítico musical Regis Tadeu no Pompscast, apresentado por Marcello Pompeu (Korzus), um dos assuntos abordados foi a relação entre a crítica musical e os artistas, com Regis deixando claro desde o começo que ele nunca, jamais cobra para fazer uma crítica: "Muita gente entra em contato comigo e fica perguntando o seguinte: 'Regis, quanto você cobra pra fazer a crítica da minha banda?' Eu falo nada!", diz e repete, enfaticamente. "Não vou cobrar nada. Você manda o material pra mim. Se eu gostar, talvez eu fale ou talvez eu escreva. Se eu não gostar, talvez eu fale ou talvez eu escreva. Mas não vou cobrar nada, imagina!"
Na sequência, Regis fala um pouco de sua história como crítico musical, contando para Pompeu que ele já começou como crítico desde o início da carreira no ramo, em meados dos anos noventa. O assunto foi prosseguindo, até que em um determinado ponto Pompeu comenta o poder da crítica musical de movimentar a opinião pública e pergunta para Regis se ele já passou por uma situação de alguém convidá-lo para participar de algum conluio para favorecer alguém.
"Neste sentido não. Até porque quem está... e a gente sabe de histórias, desse tipo de esquema, quem está dentro deste tipo de esquema não abre isso", diz Regis. "Isto existe, mas é de uma falta de ética tamanha que o próprio crítico, ele não abre isso para colegas de profissão". A conversa prossegue dentro deste tema, até que Regis percebe que Pompeu está receoso de abordar um ponto específico, e já abre o jogo de forma clara e direta: "O que você está me perguntando é o seguinte: tem propina?", diz Regis, e ele mesmo já responde imediatamente: "Tem. Tem!", enquanto Pompeu concorda que era exatamente isso que ele queria perguntar.
Regis prossegue reafirmando: "Tem, mas eu particularmente nunca ouvi colegas meus admitindo isto, nem numa mesa de bar. Porque isto é de uma falta de ética tão absurda que a pessoa nem se atreve a falar um negócio desse. Mas existe. Eu conheço críticos que já receberam para falar de artistas que ele detesta. Eu conheço críticos que morrem de medo de falar mal a respeito do trabalho de um artista por medo de cancelamento, por medo de represália, por medo de um monte de coisas. Eu conheço crítico musical que faz crítica reproduzindo as informações do release" conta Regis, que depois relata um destes casos sem citar o nome da pessoa envolvida, e mais adiante conclui: "Hoje o que é mais comum é o crítico que tem medo atroz de ser cancelado. O profissional que tem medo de falar que o disco do Ozzy é ruim, que acha o Iron Maiden uma merda mas escreve falando bem(...) o que mais tem hoje é gente fazendo resenha de shows horríveis mas a pessoa falando que o show foi sensacional, porque ele não quer perder a boquinha do credenciamento da produtora, é o que mais tem hoje, infelizmente. E isto acontece porque, salvo raras exceções, nas quais eu me incluo com muito orgulho, todo mundo tem medo da recepção negativa por parte dos fãs".